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ADARY OLIVEIRA: OS JOGOS SIMULTÂNEOS E SEQUENCIAIS

Redação - 28/06/2019 18:40 - Atualizado 02/07/2019

 

No mundo dos negócios as empresas, o governo e os consumidores estão sempre jogando. As empresas procuram oferecer ao mercado bens e serviços que atendam às necessidades dos consumidores, identificando suas preferências, induzindo-os a comprar sua produção, criando imperativos de consumo e despertando-os para um mundo mais atraente e muitas vezes fantasioso. Os consumidores procuram a satisfação de suas vontades buscando o atendimento das obrigações básicas de alimentação, proteção, abrigo, prazer e tudo que sua imaginação criativa lhes pode proporcionar. O governo arrecadando impostos, pegando recursos para poder oferecer à população suas precisões de saúde, educação, segurança, bem-estar e tudo que possa contribuir para a formação de uma sociedade coesa e próspera. Todos se envolvem a processos de interação estratégica.

Cada indivíduo ou organização enredados no processo de interação estratégica será um jogador se tiver autonomia para tomar decisões. Cada jogador poderá fazer em determinado momento uma ação ou movimento que o leve a um bom resultado, estando, na maioria das vezes, diante de várias alternativas. Um jogo pode ser simultâneo ou sequencial. Se dois bancos desejam socorrer uma empresa que está com dificuldades financeiras eles terão de oferecer condições competitivas ao cliente e este escolherá a proposta de melhor conveniência. As estratégias usadas pelos bancos são parte de um jogo simultâneo e a empresa escolherá a opção que lhe proporcionar a maior recompensa. No jogo sequencial, de modo diferente, os jogadores fazem seus movimentos em ordem preestabelecida. A decisão de um influenciará a decisão do outro, como num jogo de xadrez. Um jogador faz uma jogada conhecendo a deliberação do outro.

Jogadores devem trabalhar com planos de ação bem detalhados onde cada movimento deve ser bem especificado, onde as ações para cada momento devem ser bem delineadas antecipadamente. O plano de ação deve ser elaborado em função do conjunto de informações detido por cada jogador. Quando o jogo é simultâneo é mais difícil saber o que vai fazer o outro jogador. No caso de um jogo sequencial a tomada de decisão acontece depois de se conhecer a resolução tomada pelo outro.

Um exemplo interessante para análise de empresários e estudantes do assunto é das duas fábricas de fertilizantes nitrogenado que deverão ser arrendadas, com possibilidade de compra futura. Estão apresentando proposta de arrendamento três empresas. A primeira delas, atua no comércio atacadista comprando fertilizantes, armazenando produtos e revendendo-os para as companhias misturadoras. Estas formulam o fertilizante final adicionando outros nutrientes, principalmente potássio e fósforo. A segunda, é fornecedora do gás natural usado como matéria prima na fabricação dos compostos sintetizados nas duas fábricas. Pretende promover uma integração vertical de seus negócios aumentando, em consequência, o valor agregado de seu produto. A terceira, é cliente das duas fábricas comprando um dos materiais fabricados. Com a integração que pretende fazer assegurará o suprimento de sua matéria prima. O mercado é amplamente demandante e o governo está disposto a apoiar qualquer um dos três concorrentes.

O jogo neste caso é simultâneo e cada um dos contendores deverá usar estratégias diferentes. As propostas vão depender dos trunfos que cada um carrega e qual estratégia que tem para comercializar a produção de várias substâncias que saem das fábricas. Aparentemente a empresa proprietária das duas manufaturas teria de analisar melhor pelo menos duas alternativas: vender ou arrendar. Ainda há uma terceira alternativa qual seja, a de não vender nem alugar, mudando sua política de preço para o gás natural, eliminando o alegado prejuízo, já que é produtor monopolista.

A alternativa de fechar as fábricas, anunciada pela dona atual do negócio é a pior de todas. O País passaria a ser importador de 100% dos nitrogenados que consome, aumentando tal vulnerabilidade, nada bom para quem tem no agronegócio sua força maior.

Adary Oliveira é presidente da Associação Comercial da Bahia – [email protected]

 

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