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ADARY OLIVEIRA : MEMÓRIAS DO POLO PETROQUÍMICO

admin - 15/05/2018 09:00

No artigo anterior apresentei alguns depoimentos colecionados por José Clemente sobre o Polo Petroquímico de Camaçari. No artigo desta quinzena apresento mais alguns da coleção, nas comemorações dos 40 anos do Polo.

Marcos Pereira Vianna – “Apesar dessas evidentes vantagens locacionais, a decisão política de empreender o pólo petroquímico de Camaçari foi retardada por interesses ligados às indústrias que espontaneamente se haviam localizado em Cubatão, baseadas na proximidade do mercado de produtos finais e na importação das matérias-primas. Tornaram-se posteriormente evidentes, em especial após a crise do petróleo, mesmo sobre a ótica exclusiva da rentabilidade privada, as desvantagens comparativas desse modelo quando comparado ao de Camaçari, o que de resto torna compreensivo o rigor das resistências da indústria paulista ao pólo do Nordeste, resistências essas que encontraram ressonância em parte do gabinete do governo Médici”.

José Jucá Bezerra Neto – “O pólo petroquímico do Nordeste representou uma revolução na economia da Bahia e, através de sua capacidade irradiadora de oportunidades, um fator imbatível de desenvolvimento para os estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe”.

Otto Vicente Perroni – “Foi somente em janeiro de 1970 que, por iniciativa de Leopoldo Miguez de Mello, o Conselho de Administração da Petrobras, sob a presidência do general Ernesto Geisel, tomou uma decisão histórica, fixando as seguintes diretrizes:

  1. a Petrobras apoiará o desenvolvimento, na Bahia, da indústria petroquímica de base fundamentada em matérias-primas locais, assegurando o fornecimento de gás natural, nafta, propileno e amônia para os projetos aprovados pelo Geiquim e pelo CNP;
  2. a Petroquisa deverá assumir uma posição ativa na promoção do desenvolvimento petroquímico da região, liderando ou participando das iniciativas essenciais ao crescimento e à integração do parque petroquímico”.

Rinaldo Schiffino – “A meu ver, no ano de 1967, sob a liderança do então ministro Costa Cavalcanti, é que se tornou possível a decisão fundamental para todo esse desenvolvimento da indústria petroquímica, que se consolidou mais tarde com o modelo do pólo petroquímico de Camaçari. Foi a criação da Petroquisa, conferindo-se a  uma subsidiária da Petrobrás a possibilidade de realizar associações tanto com empresas nacionais como estrangeiras, mesmo na posição minoritária”.

José de Freitas Mascarenhas – “Assim é que, em setembro de 1971, foi assinada a Exposição de Motivos nº 213/71, que, a par de garantir a consolidação final do pólo paulista, assegurava a instalação da Central Petroquímica da Bahia e estabelecia diretrizes a serem seguidas que, no seu conjunto, garantiam definitivamente a instalação do complexo nordestino”.

Ronaldo Miragaya – “Para o pólo petroquímico do Nordeste conjugou-se um novo verbo no sentido de unir esforços em torno de um modelo empresarial – tripartite – que se mostrava ainda incipiente. Não que ele tivesse sido perseguido como lei maior, mas foi a solução brasileira para contornar o problema político e de constrangimento entre as empresas estatal e estrangeira”.

Amílcar Pereira da Silva Filho – “As teses de descentralização regional da petroquímica brasileira estavam explicitadas tanto pelo Geiquim como, em caráter mais abrangente, desde a criação da Sudene, ainda na década de 50. Apesar dos esforços pioneiros da Petrobrás, da Companhia Carbonos Coloidais, da Ciquine, da Paskin, pouco se adiantava às já mencionadas diretrizes”.

Adary Oliveira

Presidente da Associação Comercial da Bahia

E-mail: [email protected]

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