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ROSEMBERG PINTO – DEPUTADO ESTADUAL DA BAHIA (PT)

Redação - 02/04/2018 07:01 - Atualizado 09/04/2018

BAHIA ECONÔMICA: O prefeito de Salvador, ACM Neto, deve lançar sua candidatura em breve. O governador Rui Costa, candidato à reeleição, tem sua estratégia muito focada em conquistar votos pelo interior. Após o anúncio de Neto essa estratégia pode mudar?

ROSEMBERG PINTO: Primeiro lugar, a estratégia do governador Rui Costa não é apenas o interior, tanto que ele tem sido o verdadeiro prefeito da cidade de Salvador, onde tem inaugurado obras basicamente todos os dias, desde o metrô, novas avenidas, encostas, pavimentação do centro da cidade, extensão de abastecimento de água. Ou seja, nas diversas áreas o governador Rui Costa tem trabalhado em Salvador. É lógico que nós temos em Salvador e Região Metropolitana a concentração da população no estado da Bahia, mas eu não tenho dúvidas de que tanto no interior quanto na capital, o governador Rui Costa hoje já é majoritário. Eu tive a oportunidade de verificar uma pesquisa de consumo interno onde o governador em Salvador já ultrapassa a opinião – do ponto de vista de satisfação com a cidade – do que do próprio prefeito da cidade de Salvador. Não precisa mudar a estratégia, é trabalhar o interior, trabalhar a capital, porque eu não tenho dúvida de que a população vai reconduzir o governador Rui Costa pelo seu trabalho honesto, sério, dedicado e que já lhe trouxe o nome de ‘Rui Correria’.

BE: O MDB, com a presença dos irmãos Vieira Lima, é um dos partidos que fizeram parte da chapa do prefeito ACM Neto. Em busca da reeleição, isso seria um fator utilizado pelo PT para a próxima campanha? 

RP: Eu nunca gosto de usar os problemas dos adversários – principalmente em episódios como esse – em disputa eleitoral. Nós precisamos disputar ideias. O MDB, através dos seus representantes é que deve fazer a defesa dos seus participantes, da mesma maneira que o PT faz com os seus militantes. Não vejo significado ficar usando como estratégia um problema que aconteceu com a família dos Vieira Lima numa das operações da Polícia Federal. Eu apenas lamento que tenha acontecido, mas eu quero tratar das ideias e o que é melhor para a Bahia: se é Rui Costa, se é ACM Neto; e eu não tenho dúvida de que Rui Costa é o melhor para a Bahia.

BE: Existe a possibilidade do MDB fazer parte da base de Rui Costa nas próximas eleições? 

RP: É impossível o MDB fazer parte da base de Rui Costa: primeiro, há uma divergência no plano federal, segundo o PMDB já foi da base do nosso governo na época do ex-governador Jaques Wagner. Não foi uma aliança que surtiu benefício para a Bahia. Está distante, principalmente nesse momento em que os parlamentares do MDB estão saindo. Ainda hoje [27 de março] o deputado Hildécio Meireles fez uma declaração no plenário da Casa falando da sua saída do MDB. Eu fiz um questionamento – da mesma maneira que já fiz com pessoas do PT – que quando há um “problemazinho” quer sair, parecendo que o partido só serve nos momentos das vacas gordas. Eu sou um militante partidário. Estou no PT não é para um projeto eleitoral, eu estou no PT para um projeto político para a sociedade, como quando na clandestinidade eu militei no MDB, na década de 70, que não era por uma visão eleitoral, era por uma visão de projeto. Nós estávamos dentro do MDB porque na época não se permitia ter mais que dois partidos. Então eu não há probabilidade de o MDB fazer aliança com o governador Rui Costa.

BE: Existe a possibilidade de políticos do MDB que optarem por deixar a legenda fazer parte da base do PT nas próximas eleições?

RP: Eu conheço alguns deputados do PMDB que orgulham os mandatos. Para não ser indelicado com nenhum deles não vou citar nomes, mas não tenho dúvidas de que têm alguns deputados do PMDB que eu gostaria de poder estar num projeto político de forma conjunta. É natural pensarmos positivamente e às vezes de forma semelhante em determinadas questões, e é natural que em outras a gente possa divergir, mas é no campo das ideias, como dentro do PT: a gente diverge em alguns momentos e depois, na hora de tomar a decisão, todos vão encaminhar aquela decisão majoritária. Lógico, também acho difícil que algum deputado do PMDB queira vir nesse momento para o PT, mas eu não vejo nenhum problema de alguns deputados – que eu considero debatedor de ideias – possa estar se juntando individualmente ao nosso projeto político.

BE: O governador Rui Costa afirmou em uma recente entrevista que o PT deve deixar o processo de impeachment de Dilma Rousseff de lado e pensar em apoiar um outro candidato, até de outro partido, se Lula não puder ser candidato à Presidência. O que o senhor tem a comentar a respeito?

RP: Foi explorado de uma forma equivocada as palavras do governador. O governador diz o seguinte: nós precisamos parar de lamentar; e eu concordo com o governador que nós precisamos parar de lamentar. Eu questiono o impeachment, o impeachment foi um golpe institucional, um golpe à democracia, nós temos que estar falando isso como consolidação de uma visão política e de rompimento com a democracia, mas a vida segue. Nós temos que pensar a política para depois, para o futuro. Então, o nosso candidato é o ex-presidente Lula, mas também não precisamos ficar no samba de uma nota só, nós precisamos – com todo o respeito a Tom Jobim – pensar de uma for diferente, precisamos entender que temos que fazer a avaliação do que é melhor para o Brasil se tiver um possível impedimento do registro da candidatura do ex-presidente Lula. Então nós temos que pensar a paz num primeiro momento acredito que o ex-presidente Lula pode transferir melhor para um candidato até do PT, não porque não tenha candidatos competitivos em outras agremiações, seja no PDT no PSB, no PCdoB etc. Nós vamos votar é em número, nós temos uma pessoa, mas essa pessoa é representada no processo eleitoral em número. Se nós vamos estar trabalhando o número 13, não dá para, faltando um mês da eleição, mudarmos para 40 ou 65, por exemplo. Isso confunde, na minha opinião, o eleitor. Então, nós precisamos pensar isso até o dia sete, passado o dia sete, é lógico que o nome vinculado ao número 13 tem obviamente uma possibilidade maior.

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