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PATRICIA ORRICO – GERENTE DE COMÉRCIO EXTERIOR NA FIEB

admin - 15/02/2018 03:09 - Atualizado 09/04/2018

BAHIA ECONÔMICA: Qual a expectativa para 2018 no âmbito do comércio exterior para as empresas baianas?

PATRICIA ORRICO: A perspectiva de mercado para a economia brasileira em 2018 é de crescimento do PIB da ordem de 2,7%, com importante influência do bom desempenho do comércio exterior, com um saldo positivo da balança comercial superior a US$ 50 bilhões, com destaque para a contribuição do agronegócio. No caso da Bahia, apesar de não dispormos de estimativas e quantificações confiáveis, podemos afirmar que o movimento econômico será semelhante ao verificado no âmbito nacional, ou seja, crescimento do PIB e do comércio exterior no ano corrente.

BE: Quais os dados do comércio exterior da Bahia em 2016 e 2017? 

PO: A corrente de comércio da Bahia atingiu cerca de US$ 15 bilhões em 2017, crescimento de 18,8% em relação a 2016. As exportações representaram U$ 8.066 bilhões, enquanto as importações de janeiro a dezembro foram de U$ 7.199 bilhões, registrando um saldo positivo de quase 900 milhões de dólares (FOB). O mês de agosto foi o mais positivo, pois as exportações cresceram mais de 20% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Cabe destacar a manutenção da posição do estado em relação aos demais do Nordeste, conservando a posição de 1º colocado tanto no ranking das exportações quanto no que se refere às importações, com participações no total do Nordeste de 48% e 37%, respectivamente.

BE: Quais os principais parceiros da Bahia? 

PO: No caso das exportações, 65,26% dos produtos comercializados no exterior são industrializados, tendo como principais destinos a China (26,43%), os Estados Unidos (13,39%), a Argentina (12,23 %), Países Baixos – Holanda (7%) e a Bélgica (4,27%), mercados que correspondem a cerca de 64 % das exportações do estado. Para as importações, as principais  origens foram a Argélia (14,34%), Estados Unidos (11,57%), Argentina (10,10), China (8,34%) e Chile (7,76%).

BE: A Fieb tem feito algum tipo de ação para ampliar a participação de empresas baianas no comercio internacional?

PO: É fato que as exportações baianas ainda são muito concentradas quanto aos setores e às empresas, de grande porte na sua maioria. Diante dessa realidade é que a FIEB,  através do CIN e  demais estruturas (Senai, Sesi e IEL), vem apoiando a inserção de novas empresas e produtos na pauta de exportações do estado, especialmente no apoio à melhoria da competitividade das indústrias de menor porte.

BE: Quais as ações desenvolvidas pela FIEB com foco na melhoria da competitividade tanto no mercado interno quanto para vendas para outros países? 

PO: Através do seu Centro Internacional de Negócios, o Sistema FIEB, em conjunto com diversos parceiros nacionais e internacionais, tem como missão promover a internacionalização das indústrias baianas com diversas ações e serviços voltados ao aumento da competitividade das empresas de todo o estado.
Para alcançar este objetivo, a FIEB / CIN oferece suporte completo aos empresários em questões como: Apoio à internacionalização e difusão da cultura exportadora às micro, pequenas e medias empresas, através de avaliação, orientação e qualificação empresarial; Ações de inteligência comercial (estudos e análises de mercados, prospecção de potenciais compradores, regras de ingresso de produtos etc), dentre outros.

BE: Quais as maiores dificuldades das empresas baianas para acessarem outros mercados? 

PO: Podem ser citadas algumas questões, tanto relativas à estrutura da empresa quanto aos produtos. Questões como capacidade de produção para atender às demandas, adequação de produtos e embalagens de acordo com as regras e normas regulatórias dos mercados, preços competitivos, dificuldades logísticas e burocráticas e, sobretudo, ter acesso às oportunidades junto aos mercados alvo.

BE: Como as empresas devem capacitar seus funcionários para lidar com as demandas em um mundo altamente competitivo e, nesse ponto, me refiro ao comércio como um todo? 

PO: No mundo de hoje, uma empresa não precisa necessariamente exportar para ser considerada internacionalizada e sim ter, cada vez mais, qualidade e competitividade em padrão internacional para competir nos mercados interno e externo.
Para tal, faz-se necessário que as empresas estejam preparadas e invistam, continuadamente, na melhoria de seus produtos e processos no que se refere à gestão, inovação e comercialização em prol do aumento da competitividade.
Nesse sentido, o Sistema FIEB, através do Senai, Sesi e IEL e do Centro Internacional de Negócios, oferece apoio direto e continuo ao empresário.

BE: Quais instrumentos são ofertados para aumentar a presença comercial das empresas baianas no exterior? 

PO: A FIEB, através do CIN – Centro Internacional de Negócios da Bahia, que também integra a Rede CIN, articulada pela CNI, dispõe de diversos instrumentos e serviços voltados tanto à melhoria da competitividade quanto à estratégias de prospecção e inserção nos mercados internacionais. O CIN dispõe de um portfolio de serviços e produtos, dentre os quais se inserem diversas ferramentas para a elaboração de estudos de inteligência comercial, voltadas à identificação de mercados compradores e respectivas exigências, potenciais compradores, regras de inserção nos mercados, preços praticados, principais atores comerciais, dentre outros, através de uma ampla rede de parceiros e base de dados, nacionais e internacionais. Como um exemplo, CIN BA, através da Rede CIN, é o ponto focal da Rede Europeia EEN – Enterprise Europe Network, plataforma online criada pela Comissão Europeia, que conta com cerca de 600 instituições em 54 países, as quais são atuantes junto a bases empresariais dos mais diversos segmentos econômicos. Além disso, o CIN oferece apoio, em parceria com entidades como a APEX-Brasil – Agencia Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, na participação e realização de missões comerciais, rodadas de negócios com compradores internacionais e feiras internacionais em diversos países do mundo.

BE: Em relação aos dados estatísticos de comércio exterior, qual a parte o que é referente ao Mercosul e à Argentina ?

PO: A Bahia teve uma participação de 4% nas exportações brasileiras destinadas aos países signatários do Mercosul. A Argentina é o principal parceiro comercial da Bahia no mundo. No ano de 2017, a Bahia exportou para o Mercosul 986 milhões de dólares, o que corresponde a 12% do total das exportações do Estado. No ano passado, houve um aumento de 28% nas exportações da Bahia para a Argentina, em relação ao ano de 2016. Os principais produtos exportados foram automóveis (50%), cobre refinado (11%) e cacau e seus derivados (9%).

BE: A Fieb tem sido grande apoiadora das câmaras de comércio. Em especial a da Argentina. Qual a visão estratégica da entidade sobre o Mercosul e a Argentina comercialmente falando?

PO: A FIEB vê o Mercosul, especialmente a Argentina, como um parceiro fundamental e acredita que as reformas trazidas pelas recentes mudanças políticas nos respectivos países poderão estreitar ainda mais a relação entre a Bahia e aquele país. A Argentina é um dos mais expressivos parceiros comerciais do estado, tanto no que se refere às exportações quanto às importações, ocupando o 3º lugar na balança bilateral, mas ainda há grande potencial de crescimento e diversificação na comercialização de produtos. Como é de conhecimento, no início de 2017 o Brasil e a Argentina assinaram um acordo de livre comércio focado na redução de barreiras e estreitamento das relações entre os dois países, especialmente em alguns setores pertinentes à realidade econômica da Bahia, tais como mineração, petróleo e gás, construção civil e automotivo. Nesse contexto, a instalação da Câmara Empresarial de Comércio Argentina-Bahia (CECAB) é de extrema importância para a geração de um ambiente eminentemente empresarial, onde podem ser trocadas oportunidades e interesses e é nesse sentido que a FIEB, juntamente a outras entidades, vem apoiando as iniciativas de fortalecimento das relações comerciais.

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